Desde novembro de 2021, quando a Embaixada dos EUA retomou o atendimento ao público brasileiro, o tempo de agendamento da entrevista consular – etapa obrigatória para quem solicita o visto de turismo pela primeira vez – não para de crescer. Um levantamento realizado pelo escritório de advocacia AG Immigration revela que, na última atualização do Departamento de Estado americano, a fila de espera atingiu recordes em quatro das cinco cidades onde o viajante nacional pode tirar o documento. São Paulo registra o maior tempo: um turista que fizer seu agendamento consular hoje só terá data disponível para daqui a 610 dias – ou, seja, 20 meses. São quase dois anos de espera. A capital paulista é seguida por Brasília (493 dias), Porto Alegre (473), Rio de Janeiro (463) e Recife (449). Todas elas, com exceção dos cariocas, nunca viram uma fila tão grande. Na média, são 497 dias de aguardo no Brasil, o maior valor já registrado. O País é o sétimo que mais sofre com essa demora, à frente de nações como Índia, Iraque, Chile, Peru e Argentina. Para o advogado de imigração Felipe Alexandre, sócio da AG Immigration, as medidas tomadas pela Embaixada dos EUA no Brasil, que desde o ano passado vem contratando mais oficiais consulares para ampliar sua capacidade de atendimento, ainda não surtiram efeitos práticos. De acordo com ele, embora em março tenham sido emitidos 101 mil vistos de negócio e turismo (B1/B2) para brasileiros – maior volume da história e um salto de 41% sobre fevereiro –, a demanda pelo documento é tão grande que a fila não consegue parar de crescer, mesmo com mais funcionários disponíveis para atender ao público. O B1/B2 representa 95% de todas as emissões de vistos americanos no Brasil. “É realmente um desafio para a Embaixada, pois há um claro prejuízo para o intercâmbio turístico entre os dois países, impactando diretamente destinos como a Flórida, que tem o Brasil como um dos três países que mais enviam viajantes para lá. Por outro lado, esse cenário mostra que o brasileiro continua ávido por viajar para os EUA. O governo americano só precisa se movimentar mais rapidamente para não perder esses viajantes”, diz Alexandre, que vive na Califórnia. “E vale lembrar que, mesmo ao final dos quase dois anos de espera, a pessoa ainda pode ter o visto negado na entrevista”. Na última quarta-feira (24), durante o IPW 2023, um dos principais eventos da indústria de turismo dos EUA, Chris Thompson, o CEO do Brand USA, órgão de promoção ligado ao governo americano, disse que os prazos atuais para emissão dos vistos são “inaceitáveis”. Além do Brasil, vários outros países, como México e Canadá, sofrem com a demora. A expectativa do executivo da Brand USA é de que, até o final deste ano, o tempo máximo de espera reduza para 30 dias.
Mais informações: https://agimmigration.law/
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