quarta-feira, 3 de julho de 2024

Universidade Zumbi dos Palmares e Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática debatem racismo ambiental

A Universidade Zumbi dos Palmares, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e com o apoio das Secretarias Municipais de Mudanças Climáticas e de Educação, lançou nesta quarta-feira (26), na cidade de São Paulo, o Fórum SuperCidades Educadoras, Ambientais, Climáticas e Antirracistas. A iniciativa inédita tem como objetivo ampliar a educação ambiental e empoderar a sociedade civil para prevenir e minimizar os impactos climáticos e erradicar o racismo ambiental.
O lançamento foi realizado na Universidade Zumbi dos Palmares e reuniu a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; o reitor da UniPalmares Dr. José Vicente; o coordenador da Secretaria Municipal de Mudanças Climáticas, André Previato; a secretária Executiva da Secretaria Municipal de Educação, Malde Vilas Bôas; especialistas, representantes de entidades e lideranças comunitárias. A ministra Marina Silva foi recepcionada com uma apresentação especial do coral de alunos da escola pública EMEF Ibrahim Nobre.
Para iluminar os desafios e as estratégias do atual contexto climático, o Fórum SuperCidades apresentou o painel A Justiça Climática como Ferramenta de Desconstrução do Racismo Ambiental. “O Fórum é uma ação inovadora e histórica construída de modo integrado com os mais diversos parceiros e aliados. O meio ambiente precisa ser de todos. Estamos completando 25 anos do programa nacional de educação ambiental com muitas conquistas, mas agora os desafios são ainda maiores”, destacou José Vicente.
Vicente afirmou que as instituições de ensino e produção de conhecimento precisam ter papel ativo em um mundo que já sofre com os extremos climáticos. “A gente precisa garantir a integridade das pessoas e dos patrimônios. Só iremos vencer se estivermos juntos e qualificados para ajudar. As desigualdades de toda natureza, sobretudo a desigualdade racial, colocam essa população como a mais impactada pelos extremos climáticos. É na periferia que está esse público, que tem cor e raça, onde o poder público não chega ou, quando chega, chega atrasado e sem conseguir evitar os danos”.
O coordenador da Secretaria Municipal de Mudanças Climáticas, André Previato, lembrou que as mudanças climáticas já estão causando grande impacto na cidade de São Paulo, principalmente com o aumento das chuvas e alagamentos. “As populações negra e pobre são as mais afetadas. Todas as políticas precisam considerar as mudanças climáticas”. A secretária Executiva da Secretaria Municipal de Educação, Malde Vilas Bôas, também ressaltou a importância de uma política educativa: “O momento mostra que a administração pública precisa da sociedade e da formação de cidadãos críticos para implementarmos políticas públicas que mudem essa realidade”.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, se disse honrada em participar de uma iniciativa tão relevante. “O Fórum SuperCidade é uma visão antecipatória da Universidade Zumbi dos Palmares. Todos temos que ser sustentabilistas, ou estaremos comprometendo o futuro do planeta. Temos que transformar o modelo sustentável de desenvolvimento que temos e criar sistemas de alertas para avisar a população dos riscos para salvar as formas de vida. O contexto não pode nos paralisar. O desafio é grande, mas podemos fazer muitas coisas”, enfatizou Marina, destacando os impactos humanos desencadeados nas enchentes no Rio Grande do Sul, nas queimadas no Pantanal e na Seca no Amazonas.
Marina reforçou que os governos não tem que fazer para a sociedade, e sim com a sociedade. E alertou: “Não podemos deixar os negacionistas comprometerem o nosso futuro. Se tivermos uma sociedade consciente e preparada para cobrar dos governos e das empresas, vamos conseguir fazer esse enfrentamento que já deveríamos ter feito há 40 anos, como nos alertou a ciência. Não podemos ignorar o que as universidades estão produzindo nas mais diversas áreas. Temos que chegar a desmatamento zero para que a terra não continue aquecendo e termos um futuro de esperança e prosperidade. O nosso maior ativo é o clima. Temos que fazer a gestão do risco, não do desastre”. Em sua primeira edição, o Fórum SuperCidades Educadoras, Ambientais, Climáticas e Antirracistas lançou o programa Brigada Climáticos, que conecta um conjunto de medidas práticas para empoderar as comunidades no enfrentamento das mudanças do clima. A comunidade Parque do Gato, na região central norte da cidade, é a primeira a integrar o projeto que conta com uma Estação de Monitoramento e Prevenção Ambiental e Climática, canais de comunicação direta, distribuição de coletes salva-vidas para os moradores, um automóvel, um jet-sky, um barco e um triciclo identificados para serem utilizados durante as emergências no local. A primeira equipe da Brigada Climáticos é formada por 10 jovens da comunidade Parque do Gato, 3 enfermeiras e 10 bombeiros profissionais voluntários responsáveis pelas ações e capacitação dos jovens para realizarem os primeiros socorros durante uma emergência, como resgates de pessoas e animais, aferição de pressão durante calor extremo, identificação de pontos sensíveis na comunidade e de pessoas vulneráveis. “Queremos replicar esse modelo em outras cidades, nas escolas”, pontuou José Vicente.
Para mostrar na prática a importância da capacitação e a resposta rápida durante uma emergência, o Fórum SuperCidades apresentou uma Simulação de Intervenção do grupo de Bombeiros voluntários que integram a Brigada Climáticos. A ministra Marina Silva e o reitor José Vicente participaram de uma demonstração passo a passo de como socorrer bebês engasgados com leite materno, uma emergência que acontece com bastante frequência. “A comunidade negra agora é protagonista das transformações e precisa estar na mesa debatendo as mudanças do país. Hoje estamos dando um passo rumo à justiça climática”, enfatizou o reitor José Vicente.
LGF Press

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