sexta-feira, 5 de abril de 2024

Brasil, República Dominicana e países da América Central trocaram experiências em técnicas e boas práticas para superar os desafios enfrentados pela escassez de água

Estima-se que cerca de 10,5 milhões de pessoas vivem no Corredor Seco Centro-americano, e aproximadamente 50% dessa população vive em condições de pobreza. Com o objetivo de trocar experiências sobre novas tecnologias de monitoramento e gestão de recursos hídricos, e conhecer o funcionamento do sistema brasileiro de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), seis países do Sistema de Integração Centro-americana/SICA (El Salvador, Honduras, Guatemala, Panamá, República Dominicana e Costa Rica) participaram de uma missão internacional no Brasil, de 18 a 23 de março. A atividade incluiu palestras técnicas e visitas de campo à região com maior escassez de água do país: o Semiárido, que abriga cerca de 28 milhões de habitantes. Essa troca foi uma ação conjunta entre a Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), no âmbito do projeto "Inovação para a redução de riscos agroambientais nos países do Corredor Seco Centro-americano: Zonificação Agrícola para Riscos Climáticos (ZARC) e Gestão de Recursos Hídricos". Essa iniciativa visa contribuir para a mitigação dos efeitos das secas nas áreas de agricultura familiar e desenvolvimento rural em três países: Guatemala, El Salvador e Honduras.Carolina Salles, analista de projetos da ABC/MRE, explicou que os países tiveram a oportunidade de conhecer experiências de agricultores familiares brasileiros que utilizam técnicas de manejo da água e preservação do bioma Caatinga (recaatingamento). Essas práticas permitem o sustento de suas famílias e a prevenção diante das variações climáticas por meio do uso da água para a criação de animais, bem como o cultivo de alimentos para consumo e comercialização. "Foi muito importante que os países da delegação tivessem contato com essas experiências, pois enriquecerão a elaboração do nosso plano de trabalho, que será nossa próxima atividade", comenta. As ações neste plano têm como objetivo atender às demandas dos três países que integram o projeto - El Salvador, Honduras e Guatemala - para melhorar a segurança alimentar dos agricultores familiares.
O coordenador do projeto Iniciativa América Latina e Caribe sem Fome 2025, Ronaldo Ferraz, destacou a importância da ferramenta de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) como uma política pública que beneficia a agricultura familiar por meio da antecipação dos efeitos climáticos.
Experiências brasileiras
A delegação internacional participou de palestras técnicas e trocas de experiências apresentadas por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), incluindo as unidades Embrapa Solos, Embrapa Semiárido e Embrapa Agricultura Digital, bem como por representantes da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), do Banco do Nordeste, do Instituto Regional da Pequena Agricultura Apropriada (IRPAA) e da Fundação Araripe. Entre os temas abordados incluíram-se o zoneamento agroecológico para o manejo e uso sustentável do solo e da água, a gestão de recursos hídricos, a tecnologia de captação e armazenamento de água para o Semiárido, os seguros agrícolas climáticos brasileiros, entre outros. Além disso, foi apresentada a experiência do projeto REDESER, executado pela FAO no Brasil para combater a desertificação no Semiárido brasileiro.
O projeto
O projeto "Inovação para a redução de riscos agroambientais nos países do Corredor Seco Centro-americano: Zoneamento Agrícola para Riscos Climáticos (ZARC) e Gestão de Recursos Hídricos" faz parte das atividades do projeto Iniciativa América Latina e Caribe sem Fome 2025, no âmbito do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO. O objetivo é melhorar as capacidades institucionais para a tomada de decisões relacionadas aos sistemas produtivos do Corredor Seco e zonas áridas da região SICA, para aumentar a resiliência e adaptação às mudanças climáticas desses países.

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