sábado, 9 de março de 2024

Fechamento de agência de notícias por Milei provoca protestos na Argentina: ‘ataque ao direito de informação’


Centenas de jornalistas, representantes de organizações sindicais e de defesa dos direitos humanos e liberdade de expressão reuniram-se nesta segunda-feira em Buenos Aires em um protesto contra o fechamento da Télam, a agência pública de notícias, por decisão do presidente Javier Milei. À meia-noite de domingo, os prédios da empresa criada há 79 anos foram cercados pela polícia e os funcionários impedidos de entrar. O site passou a exibir uma mensagem avisando que está em reconstrução, e nenhum conteúdo antigo pode ser acessado. Milei, que desde a campanha eleitoral adota uma política de confronto aberto com a imprensa, justificou a medida sob o argumento de que a Télam é uma “agência de propaganda kirchenerista há décadas”. Milei anunciou fechamento da agência de notícias no Congresso. O presidente havia anunciado a decisão de fechar a Telám logo que tomou posse e oficializou a intenção na sexta-feira (1), durante a abertura dos trabalhos do Congresso – mas o encerramento abrupto surpreendeu os profissionais e entidades do setor. Os funcionários receberam email informando que estavam liberados do trabalho por uma semana, sem informações sobre os próximos passos. A Télam tem mais de 750 funcionários, com representações em todo o território argentino, produzindo conteúdos jornalísticos em todos os formatos, utilizados pelos meios de comunicação do país (incluindo mídias regionais e comunitárias) e internacionais. É a segunda maior agência jornalística da região, perdendo apenas para a Efe, e gera 500 notícias por dia. O protesto realizado na segunda-feira, um abraço simbólico, foi convocado pelo Sindicato de Prensa de Buenos Aires e pela Federação Argentina de Trabalhadores da Imprensa (FATPREN), ganhando a adesão de entidades não diretamente ligadas ao jornalismo. “O governo nacional está praticando um dos piores ataques à liberdade de expressão nos últimos 40 anos de democracia”, denunciou o sindicato. Carla Gaudensi, secretária-geral da FATPREN e funcionária da Télam, garantiu que o encerramento da agência é ilegal porque esta decisão só pode ser tomada pelo Congresso. O entendimento também foi confirmado por alguns deputados, segundo a Federação Internacional de Jornalistas.

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