domingo, 5 de novembro de 2023

Salvador é a primeira cidade da América do Sul a receber o festival Liberatum, com diálogos sobre inclusão e diásporas negras no mundo

Desta sexta-feira (3) até domingo (5), personalidades de culturas negras da diáspora e de cor de todo o mundo se reúnem para discutir arte, afrofuturismo e tecnologia, no Centro de Convenções de Salvador. O festival internacional Liberatum – que acontece pela primeira vez na América do Sul, com patrocínio do Governo da Bahia – foi aberto com a presença do vice-governador Geraldo Júnior, da ministra da Cultura, Margareth Menezes, e outras autoridades. A expectativa é de que o evento reúna cerca de 14 mil pessoas. Margareth Menezes compôs a primeira mesa do dia, onde falou sobre a construção da sua carreira. Na ocasião, ela lembrou que o acesso ao curso de teatro, na escola, foi o que a conectou com as artes e mostrou possibilidades para o futuro. “A arte e a cultura geram uma visão de coletividade e podem ser usadas como ferramentas para emancipar e dar oportunidade para que os jovens se desenvolvam nos seus contextos”, frisou. Margareth Menezes e Geraldo Júnior - Foto: Feijão Almeida/GOVBA - Idealizador do festival, Pablo Ganguli explica que ele quer, com o projeto, encorajar pessoas a sonhar: "não existe cultura se o povo não tiver acesso à cultura. Hoje, a maioria dos jovens está no celular, na mídia social. E tudo bem. Mas, para a Liberatum, é absolutamente importante exaltar a cultura do lugar onde eles nasceram, com os grandes artistas do mundo inteiro, para criar esse diálogo. Porque o diálogo hoje é fundamental. Sem diálogo, sem ter uma voz, sem ser ouvida, a cultura some. Por isso, para nós, é muito transformador estar aqui, criando um momento, uma plataforma inspiradora para mostrar a riqueza da Bahia, culturalmente, e conectar os grandes ícones de cultura dos outros países com essa cultura da local, dando oportunidade para sonhar". Para o secretário da Cultura, Bruno Monteiro, o festival será um espaço de afirmação das raízes culturais do povo baiano e um encontro com uma diáspora, também cultural, de outras geografias. "Uma possibilidade como essa nos engrandece, engrandece os nossos fazeres culturais, nossas políticas públicas e, também, a divulgação da Bahia como um espaço de acolhida, como um espaço de construção permanente. Então, a nossa valorização, enquanto Secretaria de Cultura, enquanto Governo do Estado, é de, também, que as manifestações mais amplas, mais diversas da nossa cultura, da cultura popular, da cultura afro, da cultura baiana, tenham não só a possibilidade de se apresentar, mas, também, de conhecer outras manifestações, outros artistas, outros fazeres culturais, terem trocas de experiência sobre isso, que, com certeza, servirá, também, para uma qualificação significativa da nossa cultura", destacou. O vice-governador Geraldo Júnior nomeou o espaço como lugar de conscientização e inspiração contra a discriminação. "É um momento de avançarmos no debate que impede o crescimento e o avanço econômico e cultural da nossa população. O evento traz discussões que dialogam com o nosso governo, com nossas ações transversais, e, aqui, nossa presença, através das secretarias e da participação nos painéis temáticos, deve, com certeza, colaborar para o desenvolvimento econômico do nosso estado", avaliou. Na programação do festival de arte e cultura Liberatum, o Estado oferece, nos três dias, ações das secretarias estaduais de Turismo (Setur), de Cultura (Secult), de Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), de Desenvolvimento Econômico (SDE), de Planejamento (Seplan), do Meio Ambiente (Sema), da Justiça e Direitos Humanos (SJDH), do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), da Assistência e Desenvolvimento Social (Seades), da Secretaria para as Mulheres (SPM) e de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti). A Setur também esteve na abertura do festival com um receptivo. Nos três dias, também terão apresentações de Muzenza, das Danças dos Orixás, com o Grupo Tradição, e outras manifestações, que acontecerão, sempre, às 9h e às 14h. O secretário Maurício Barcelar, do Turismo, ressalta que o evento é uma oportunidade de colocar o estado no cenário internacional e promover diálogos sobre a diáspora negra no âmbito global. "A presença das personalidades negras mundiais que estão aqui na Bahia, já é uma mídia espontânea para o nosso estado, que hoje está nas manchetes dos principais meios de comunicação do mundo. E, com o intercâmbio cultural desses três dias, as pessoas vão poder conhecer ainda mais a nossa cultura afro-brasileira", celebrou. A titular da Sepromi, Ângela Guimarães, endossa, acrescentando que, para o turismo do estado, o festival significa a presença e o interesse de artistas e ativistas do mundo inteiro, olhando para a Bahia: "a gente está vendo ativistas do Brasil e do mundo inteiro se deslocando para a Bahia exatamente para poder acompanhar esse espaço de reflexão, mas, sobretudo, esse espaço de conexão com o território baiano, que é um território majoritariamente negro, um território onde essas lutas brotam desde as nossas origens e vão se atualizando, se tornando cada vez mais contemporâneas e se conectando globalmente". Ela reforça, ainda, que os temas propostos para essa edição fazem parte de uma agenda global de combate ao racismo e pelo fim das discriminações. Neste sábado (4), o Estado também realiza conversas com o público, por meio dos painéis: “Afrofuturismo – ancestralidade, inovação e transformação”, com a Sema, Secti, Setre, SDE, Sepromi e Seades; “De quem é o papel de promover a diversidade?”, com a Setur, Setre e Secult; e “A consciência do escritor”, com a SEC e Secult. Nesta primeira edição na Bahia, estarão presentes Viola Davis, Angela Basset e a vocalista Debbie Harry, da banda Blondie, e celebridades nacionais como Alcione, Taís Araújo e Lázaro Ramos. No último dia do evento, também vão acontecer na Praça Visconde de Cairu, no Comércio, apresentações musicais da cantora e compositora Luedji Luna, do cantor Lazzo Matumbi e grupo Ilê Aiyê. O jantar de premiação do festival, este ano, homenageia a cantora brasileira Alcione. Empreendedora, Larissa Reis viu na divulgação do evento uma oportunidade de conhecer pessoas do mundo inteiro e seus ídolos internacionais. "Eu estava super ansiosa, fiquei sonhando com isso a noite toda. Vou ver Viola. Estou muito feliz de ver Viola. Eu acho que é incrível que isso aconteça em Salvador, a cidade mais preta fora da África. Isso me dá perspectiva como uma pequena empreendedora negra que divulga roupas de crochê por aí. E ver Viola em Salvador, não precisar pagar uma passagem pra ir pra outro lugar. Ela está aqui, na minha cidade. É incrível!", vibrou.

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