terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Pesquisa paga por Bolsonaro apontou que brasileiros valorizam ciência e vacinação

Rovena Rosa/Agência Brasil - “A gente não consegue ver melhora em nada, tudo que foi prometido, a esperança de ser algo diferente, a nossa aposta pra ser diferente ficou só na esperança mesmo”. A fala é de uma das pessoas entrevistadas por uma pesquisa paga pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). O trabalho concluiu, um ano antes das eleições, que os brasileiros estavam descontentes com a situação do país e a economia, mas orgulhosos do SUS e buscando mais auxílios e programas sociais. A pesquisa, que circulou internamente, foi paga pelo Ministério das Comunicações para planejar a comunicação do Governo Federal no ano eleitoral de 2022. O documento foi obtido pela Agência Pública através da Lei de Acesso à Informação. O trabalho foi realizado pela Cota Pesquisas de Mercado e Opinião Pública e pago pelo Ministério em dezembro de 2021. Além de fechar o contrato com o Ministério das Comunicações, a Cota também foi a 7ª maior fornecedora da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro. O ex-presidente pagou quase R$ 4 milhões para a empresa durante as eleições para realizar pesquisas de opinião.  Governo realizou pesquisa para planejar comunicação; empresa também foi contratada pela campanha de Bolsonaro por quase R$ 4 milhões.
Entrevistados disseram que SUS e ciência são motivo de orgulho ao país - A pandemia, como era de se esperar, foi um dos principais pontos negativos apontados pelo levantamento. “Mulheres mais velhas e mais carentes sentiram os efeitos da pandemia intensamente”, concluiu o trabalho. O relatório traz falas dos entrevistados sobre suas preocupações durante o período. “Psicologicamente, pessoas com ansiedade, depressão, medo de morrer, o tempo todo a gente sabendo de vizinho que faleceu de Covid”, disse um dos ouvidos pela pesquisa. Dentre os pontos que geravam mais receio, estavam o medo do surgimento de novas variantes do vírus, dúvidas sobre datas do calendário de vacinação e idade para se vacinar, e questionamentos sobre como o governo informa estatísticas de evolução da doença e mortes. Em junho de 2020, quando o Brasil passava pelo primeiro grande pico de mortes por covid-19, alcançando a marca de mais de mil óbitos diários, o governo Bolsonaro chegou a deixar fora do ar o portal do Ministério da Saúde onde era divulgado o número de mortos e infectados. Depois, ocultou os números consolidados e evolução da doença. Na época, Bolsonaro chegou a comemorar as mudanças na divulgação dos dados dizendo que “acabou matéria do Jornal Nacional”. A pesquisa também identificou que as pessoas tinham interesse sobre programas de tratamento de sequelas pós-covid e voltados para a saúde mental, avaliado no relatório como “extremamente importantes neste período de pandemia e de crise”. Uma das conclusões é que o governo deveria “produzir campanhas sobre ansiedade, depressão e onde procurar ajuda”.

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