quarta-feira, 25 de maio de 2022
Desmonte do INSS entre queixas no debate sobre assistência social em Itabuna
De um lado, os órgãos públicos e empresas mantêm assistentes sociais no quadro
funcional; de outro, tais profissionais apontam a gradativa substituição de seres
humanos por robôs, dificultando o verdadeiro contato com a população. Solicitado pela vereadora Wilma de Oliveira (PCdoB), o evento marcou a passagem do
Dia do Assistente Social no último dia 15. Uma das falas mais
marcantes coube ao assistente social Charles de Jesus, funcionário do INSS – órgão
que passou por greve extensa e passa por verdadeiro “desmonte”, denunciam os
servidores.
Direto da plateia, ele trouxe questões bastante delicadas, que certamente justificam o
fato de estar “congelado” o agendamento de perícias. Conforme o próprio Instituto
Nacional do Seguro Social já anunciou, só serão possíveis novos agendamentos no
próximo ano. Por falar nisso, uma das reclamações é exatamente pela “robotização”.
Ou seja, o cidadão precisa do contato com um assistente social para relatar a sua dor,
mas consegue apenas um robô do outro lado da linha, para marcar um atendimento de
forma absolutamente mecânica. “Jogaram em aplicativos todo e qualquer tipo de
atendimento feito pelo Estado brasileiro”, disparou Charles.
E mais: revelou que há um volume enorme de serviços para os poucos assistentes
disponíveis. “O processo de avaliação social, que era antes da perícia, também está
sendo substituído por robôs; trocaram a ordem: a pessoa passa pelo perito primeiro”,
denunciou o servidor, já ciente de que aquela greve não duraria muito tempo.
Para se ter ideia, os seis profissionais da agência de Itabuna são responsáveis por
atender a um raio de 23 municípios. É por isso que os servidores clamam por concurso
público, além de questões salariais que também entraram na pauta da greve. O último
certame naquele órgão ocorreu em 2009.
Humanização versus robotização
Ainda sobre a sessão, também estiveram presentes os vereadores Francisco Gomes
(PSD), Israel Cardoso/Agir (também assistente social), Kaiá da Saúde (Avante),
Manoel Porfírio (PT), Ronaldão e Sivaldo Reis (PL). Eles compartilharam o debate com
nomes como Luciana Seara, Diretora da Alta Complexidade na Secretaria de
Promoção Social; Suse Mayre Moreira, do Conselho; da Secretaria de Assistência Social de Itabuna, Dulce Carolina Fonseca, Técnica da Alta Complexidade; a assistente
social Alana D’el Rei, especialista em Saúde Pública.
“É uma profissão que lida diretamente com as questões sociais e nós precisamos
celebrar. São profissionais que viabilizam direitos, que tratam das políticas públicas.
(...) Tenho certeza que estive do lado certo da história, porque estive na porta do INSS,
lutando contra a Reforma da Previdência; na porta da Prefeitura, em lugares
estratégicos contra a emenda 95 [Novo regime fiscal]”, recordou a vereadora.
Numa palestra que fomentou reflexões, Alana trouxe questionamentos a políticas
estatais que individualizam as formas de trabalho. Ao mesmo tempo, destacou a
importância do debate sobre a valorização do Serviço Social e manutenção do trabalho
humano (versus a tão criticada robotização). “É importante essa união, para sairmos
muito mais fortalecidos”, observou.
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