PCdoB discute política ambiental com inspiração marxista
Richard Silva
Aldo Arantes afirmou que a crise ambiental é resultado da crise do capitalismo, portanto a solução é um novo modelo de desenvolvimento. Karl Marx diz que o homem é parte da natureza e precisa ter um dialogo permanente com a natureza se não quiser morrer. E diz ainda que não se pode absolutizar o desenvolvimento e que devemos legar a natureza às gerações futuras, lembrou Aldo Arantes, criticando o setor ambientalista que defende essas ideias como se fossem criação dele, “mas é Marx quem fala isso”, enfatizou.
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Marx destaca que a relação homem e natureza é de harmonia, o capitalismo foi quem criou a dualidade. E é baseado no pensamento marxista que o PCdoB está montando a sua política ambiental, que valoriza a natureza, mas tem no ser humano a sua finalidade.
Ao conduzir os debates sobre o assunto, Aldo Arantes afirmou que a crise ambiental é resultado da crise do capitalismo, portanto a solução para ele tem que ter um novo modelo de desenvolvimento, produção e consumo. Novamente, Arantes fez uma crítica direta ao capitalismo que estimula o consumo desenfreado, considerado uma “irracionalidade”.
Segundo ele, o consumo deve ser baseado não no lucro, mas no bem estar social. E, mais uma vez defendeu o socialismo como saída para superação dos problemas atuais da sociedade. “Um socialismo renovado, do qual possamos tirar lições e evoluir”, disse, rechaçando a ideia dos capitalistas que dizem que o socialismo está superado. “Socialismo não é um ato de vontade, é alcançado com o acúmulo de condições subjetivas”, explicou.
O documento base discutido pelos comunistas defende o desenvolvimento sustentável soberano, a defesa da Amazônia e seu desenvolvimento sustentável, o aproveitamento do potencial energético, a defesa da biodiversidade e a defesa da água como bem público.
Aldo Arantes destacou duas importantes emendas apresentadas qu destacam a importância de preservação dos biomas, como o Cerrado e a Caatinga, que não foram contemplados na Constituição de 1988; e a convivência com a seca e o combate a desertificação.
Realidade concreta
A análise do documento levou em consideração a realidade concreta. Aldo Arantes fez questão de destacar que o objetivo é dar respostas para o Brasil e o Brasil de hoje. “Não podemos discutir o assunto sem levar em conta a dimensão nacional e social, por isso não podemos conceber que os países pobres e em desenvolvimento tenham a mesma responsabilidade nesse setor que tem os países desenvolvidos”, disse o líder comunista.
Ele diz que, a exemplo de outros aspectos do assunto, com relação às mudanças climáticas, há muita incompreensão do tema. “A vida na terra decorre do processo de efeito estufa que aumenta a temperatura e permite a vida na terra. A temperatura da terra é consequência do efeito estufa. A discussão não é para saber se existe ou não o efeito estufa. A discussão é sobre a interferência humana no fato – se é importante ou desprezível.
Arantes disse que o debate sobre o efeito estufa é manipulado pelos países desenvolvidos para impedir o desenvolvimento dos países pobres. E explica como ocorre essa manipulação. No debate sobre a definição do nível aceitável do efeito estufa até 2100, quem define o aumento máximo do aquecimento são os países em desenvolvimento, que defende dois graus; os países em desenvolvimento, 1,5 graus; e os países mais radicais exigem um grau. Mas quem tem que tomar essa medida – de redução da emissão de gases para reduzir o efeito estufa - é os países responsáveis por esse aumento.
“A dimensão política e o fenômeno em si são confundidos”, disse Aldo Arantes, para quem a dimensão política é manipulada. “Tem que pagar mais quem tem responsabilidade histórica e quem está poluindo”, disse, defendendo um tratamento diferenciado ente os países nas questões do meio ambiente e nas mudanças climáticas.
Outros aspectos do debate
O debate foi feito também levando em consideração que a sociedade é composta de conjunto de fatores econômico, social, ambiental e nenhum tema pode ser tratado isoladamente. "Engels afirma que nada ocorre na natureza de forma isolada. Cada fenômeno influencia outro e é influenciado por esse", lembrou Arantes.
A perda da biodiversidade foi outra questão discutida. O Brasil é campeão da biodiversidade, mas investe pouco e ela é a responsável pela vida na terra. A biodiversidade é matéria prima da engenharia genética, por isso o interesse dos Estados Unidos na Amazônia. Nesse debate foi incluída a identificação do Cerrado e a Caatinga como dois biomas para permitir as políticas publicas de preservação.
A questão da água também foi discutida, alertando para o risco de privatização da água. Apesar do Brasil possuir o maior volume de água doce do planeta, o país sofre com o problema da má distribuição da água. Nesse item, foi incluída também a necessidade de defesa da convivência com a seca e o combate a desertificação, um apelo feito pelos representantes da Região Nordeste.
A crise urbana também foi discutida, quando os participantes admitiram que o debate feito pelo Partido foi insuficiente, embora seja bastante necessário. Foi apresentada uma proposta de realização de um evento, antes do 13º Congresso do PCdoB, para avançar no debate e definir propostas para este setor.
Aldo Arantes disse que “84% da população brasileira vive nas cidades e enfrentam problemas de moradia, de esgoto, de emissão de poluentes etc. Precisamos de um a reforma urbana, mas perseguir um modelo de cidade sustentável, diferente do que se pensava antes”, concluiu.
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