O PC DO B TEM TODO O DIREITO DE ENTRAR NA DISPUTA
O PT de Itabuna vive o mal típico dos arrogantes, que conseguem enxergar o cisco no olho do outro, mas não percebem uma trave na própria visão.
PT e PCdoB, partidos que militam no mesmo campo, têm entre si uma relação de amor e ódio. Aliás, pode-se dizer que é mais de conveniência e arranca-rabos, pois a união das legendas sempre se deu muito mais pela necessidade de se fortalecer para viabilizar projetos eleitorais do que pela alegada afinidade programática, que fica somente na superfície.
A briga entre os partidos se dá principalmente quando o PCdoB, o polo mais frágil da relação, ensaia andar com as próprias pernas. Nesses momentos, o PT se arvora de um autoritarismo patriarcal e vê a liberdade dos comunistas como rebeldia. É bem o que acontece neste momento em Itabuna.
Wenceslau Júnior, vereador em terceiro mandato, militante comunista oriundo do movimento estudantil universitário, foi confirmado como o nome do PCdoB na disputa sucessória. Ele integra um bloco formado por cinco partidos (PCdoB, PRB,PV,PDT e PSC), onde há outros dois pré-candidatos: Vane do Renascer, do PV, e Acácia Pinho, do PDT. O compromisso é de que o melhor posicionado nas pesquisas e de maior capacidade para aglutinar os partidos da frente terá o apoio dos demais.
Para o PT, a estratégia do PCdoB é uma atitude destrambelhada, um acinte, um desacato à autoridade. Há pressões de todos os lados, desde os que lembram a posição dos comunistas de satélite do petismo nas esferas federal e estadual (o tom é sempre de ameaça) até aqueles petistas que procuram ironizar, diminuir e constranger os antigos aliados. Um deles utiliza velho ditado para alerta o PCdoB: “formiga quando quer se perder, cria asa”.
Há ainda os que relembram 1996, quando o PCdoB lançou candidatura própria em Itabuna e o nome então apoiado pelo PT, Renato Costa, perdeu para Fernando Gomes, à época no PTB. A pecha de laranja foi colocada pelos petistas inconformados, como se não houvesse outro caminho para os comunistas, senão o de ser uma sombra do PT.
Mais uma vez, repetem o argumento. Advertem que a divisão das esquerdas pavimentará o caminho do prefeito Capitão Azevedo (DEM) à reeleição, mas se esquecem de que a candidatura petista é fruto de imposição autoritária e não agrada aos partidos que historicamente têm se aliado ao PT. Caso Azevedo se reeleja, será por culpa dos comunistas ou da insistência em uma candidatura desagregadora?
O PT de Itabuna vive o mal típico dos arrogantes, que conseguem enxergar o cisco no olho do outro, mas não percebem uma trave na própria visão.
Ricardo Ribeiro é advogado e um dos blogueiros do PIMENTA.
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