ENTREVISTA: WENCESLAU JÚNIOR – PRÉ-CANDIDATO A PREFEITO DE ITABUNA

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) dispensa a condição de coadjuvante e pretende ser a estrela principal da eleição em diversas cidades brasileiras. Em Itabuna não é diferente, e o vereador e suplente de deputado estadual, Wenceslau Júnior participa da disputa interna do partido com Davidson Magalhães pela vaga de candidato a prefeito na convenção do próximo ano. Líder forjado nas lutas estudantis e nos movimentos populares, Wenceslau afirma que se preparou durante todo esse tempo para chefiar o Executivo itabunense. Advogado e professor de Direito, Wenceslau Júnior tem dois desafios: convencer “os camaradas” de que é o nome viável para vencer a eleição, bem como negociar uma ampla coligação com outros partidos. Ele também faz críticas aos prefeitos anteriores, que não privilegiaram o planejamento e diz que o seu partido vem demonstrando maturidade suficiente nas cidades em que administra. E manda um recado: O PCdoB terá candidato próprio e se o PT quiser que venha fazer parte da coligação. “Já apoiamos o PT por três vezes, agora chegou a vez dos petistas nos apoiar”, disse durante à entrevista concedida ao jornalista Walmir Rosário.
Jornal Agora – A candidatura do PCdoB é para valer mesmo, ou se trata de uma estratégia para conseguir cargo na chapa adversária?
Wenceslau Júnior – Definitivamente. O PCdoB tem feito avaliações e, levando em consideração ao acúmulo de forças que o partido vem somando sucessivamente nas eleições em que tem participado, entende que se credenciou a viabilizar uma candidatura com ampla possibilidade de fazer uma disputa com condições reais de vitória em Itabuna.
J. A. – O partido ainda não escolheu que nome lançar, mas o seu é considerado um dos prováveis, junto com o de Davidson Magalhães. Como se dará essa escolha?
W. J. – Não temos tradição em realizar prévias para a escolha de candidaturas. O PCdoB trabalha dentro da análise da realidade, observando o potencial eleitoral, a capacidade de articulação política que possa viabilizar o projeto.  Portanto, estão postos meu nome e o de Davidson Magalhães, mas posso garantir que não há uma disputa interna em torno disso, ao contrário, existe uma unidade em torno do projeto e a depender do cenário da época da escolha, o nome adequado ao momento será escolhido.

J. A. – Notícias veiculadas na mídia dão conta de que o PCdoB estaria sofrendo uma pressão muito grande, para não concorrer com candidatura própria à Prefeitura de Itabuna e apoiar o candidato do PT. O partido conseguirá ficar imune às pressões e caminhar num “voo solo”?
W. J. – Essas notícias de que o PCdoB vem sofrendo pressões para apoiar outros partidos, inclusive o PT, não são verdadeiras, pelo contrário. Nas conversas que tivemos com o governador Jaques Wagner e com as lideranças do PT, em nenhum momento fizeram qualquer tipo de consideração a esse respeito, até porque o próprio PT ainda tem dificuldades políticas em função do nome apresentado como candidato a prefeito de Itabuna. Nós entendemos que o PCdoB é um partido que está na base do governo de Dilma Rousseff e do governador Jaques Wagner, e que tem autonomia para participar, enquanto legenda, de qualquer eleição com candidatura própria ou até apoiar candidatura de outro partido que não seja o do PT, desde que essa candidatura esteja presente nas bases de qualquer um dos dois governos.
J. A. – Pelo que deixou a entender, o PT estaria em condições desfavoráveis para enfrentar uma eleição à Prefeitura de Itabuna?
W. J. – Em Itabuna existe uma análise negativa sobre a viabilidade da candidatura do PT, cujo índice de rejeição é muito grande, enquanto o nível de aceitação não é considerado dos melhores. Pelos cenários possíveis de se vislumbrar, os eleitores estão em busca de um novo nome, uma nova proposta de administração, uma nova forma de governar a cidade. Pelas pesquisas, a população demonstra uma rejeição muito grande nos dois modelos conhecidos: o que está presente (administração do Capitão Azevedo) e nos que por aqui já passaram (Geraldo Simões e Fernando Gomes).
No caso do PT, o partido já teve a oportunidade de governar a cidade por duas vezes, e ao que parece não deixou saudades, pois, em nenhum momento das pesquisas se apresenta como sendo uma novidade. O eleitor não demonstra aprovação pelo modelo apresentado anteriormente e nem mesmo acredita que poderá realizar alguma mudança significativa. Portanto, é uma relação desfavorável, do ponto de vista do eleitor, que somada à dificuldade que o próprio PT tem em agregar forças políticas amplas em torno de um projeto para Itabuna.

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