quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Projeto ambiental vai restaurar mais de 200 hectares de manguezal e mata ciliar na Baía de Todos-os-Santos

No dia em que se comemoram os 523 anos de batismo da Baía de Todos-os-Santos (BTS), a Fundação Vovó do Mangue lança uma nova etapa do projeto CO2 Manguezal, com foco na restauração ecológica de áreas de manguezais e bacias litorâneas da BTS, visando a proteção da biodiversidade e dos mananciais. Até o ano de 2027, o CO2 Manguezal – Floresta Viva irá restaurar 217 hectares de manguezais e matas ciliares e promover uma rede de protetores ambientais com mais de cinco mil pessoas nos municípios de São Francisco do Conde, Maragogipe e Vera Cruz, no Recôncavo Baiano. O projeto prevê ainda a realização de pesquisas sobre o potencial de sequestro e de estoques de carbono, ações de educação ambiental e de fortalecimento da cadeia produtiva da restauração ecológica.
Entre as ações que mais contribuem para o aquecimento global e as mudanças climáticas está o desmatamento, que causa o aumento de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Dados publicados no relatório técnico do Atlas dos Remanescentes Florestais mostram que, no período de 2015 e 2020, a Bahia teve quase 25 mil hectares de florestas derrubadas, colocando o estado entre os primeiros em desmatamento no país. Outro dado preocupante foi apresentado pelo Observatório do Clima, de que entre 2000 e 2017, a Bahia teve uma redução de 21% da sua área de manguezais, cuja maior concentração se encontra na Baía de Camamu, Ilha de Tinharé e Baía de Todos-os-Santos. Com 46 mil hectares de manguezais, a BTS é um sistema estuarino que recebe a descarga de três bacias hidrográficas associadas aos rios Paraguaçu, Jaguaripe e Subaé.
“Diante deste contexto, é urgente que medidas sejam tomadas tanto no sentido de mitigar os danos já causados, como também no sentido de frear o desmatamento de matas ciliares que protegem os rios que deságuam na baía, e de áreas de manguezais que, além de serem o berço de reprodução de várias espécies marinhas, são também a base de sustento, de produção de alimento e geração de renda para as comunidades que vivem no entorno da BTS”, afirma Luiz Carlos Brasileiro, diretor geral da Fundação Vovó do Mangue, destacando a importância do projeto CO2 Manguezal.O projeto CO2 Manguezal – Floresta Viva tem apoio financeiro do BNDES e da Petrobrás, por intermédio do programa Manguezais do Brasil, do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade - FUNBIO, e conta com parcerias institucionais da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Recôncavo (UFRB), Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia, Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), e das prefeituras de São Francisco do Conde, Maragogipe e Vera Cruz.
Principais frentes – Entre as principais ações do projeto está a elaboração de um Plano de Restauração de Áreas Degradadas- PRAD, a partir de um diagnóstico ambiental e social que indica as áreas com maior potencial para o reflorestamento. Até 2027, serão restauradas 217 hectares de manguezais e matas ciliares, sendo 35 hectares de mata ciliar em Maragogipe e 182 hectares de manguezais em São Francisco do Conde. As áreas recuperadas serão monitoradas por mais dois anos, observando-se as características físico-químicas e microbiológicas da água e sedimentos, bem como a composição de espécies vegetais e animais que ali vivem.
Já a frente de trabalho voltada para a educação ambiental realiza a mobilização das comunidades beneficiadas, identificando potenciais lideranças para criação de grupos de sustentação em cada município e formação de rede de multiplicadores. A partir daí são implementadas ações de educação ambiental voltadas para diferentes públicos: para as crianças, por exemplo, é montada a Tenda Kirimurê, um espaço lúdico e itinerante dedicado à narração de histórias, atividades com fantoches, apresentações musicais e recital de poesias com a temática ambiental.
Já para adolescentes e jovens são utilizadas ferramentas interativas e de geração de conteúdos, como a produção de podcast informativo e educativo, Quize jogos, e a produção de conteúdos digitais. Por fim, as atividades voltadas para a formação de adultos, envolvendo professores, agentes comunitários, lavradores, pescadores e marisqueiras, estimulam o debate e a troca de experiências, valorizando os saberes das populações tradicionais, com vistas para a construção participativa de políticas municipais de educação ambiental.

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