quarta-feira, 28 de agosto de 2024

PCdoB é o partido com mais candidaturas negras nas eleições 2024


Na eleição municipal mais negra na história do Brasil, o PCdoB é o partido que sobressai em termos de diversidade. Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), dos 3.141 candidatos comunistas a prefeito, vice-prefeito ou vereador neste ano, 2.262 são negros. Esse segmento corresponde a 72,02% das candidaturas do PCdoB em 2024. Entre os candidatos negros, 1.599 (50,91%) se declaram pardos, enquanto 663 (21,11%) se proclamam pretos.
Os demais representantes do Partido se dividem entre brancos (26,01%), indígenas (1,08%), não declarados (0,48%) e amarelos (0,41%). Desde 2016, o TSE exige que candidatos informem sua cor ou raça.O índice recorde alcançado pelo PCdoB está muito acima da média geral desta eleição. No conjunto das 458.247 candidaturas lançadas por todos os partidos e homologadas até esta quinta-feira (22), 241.600 são negras, o equivalente a 52,72%.
Ainda assim, nunca houve um pleito com uma proporção tão elevada de concorrentes negros. Os brancos respondem por apenas 45,66% das candidaturas – o menor percentual da série histórica.
Os números espelham um pouco mais a divisão racial da sociedade brasileira. De acordo com o Censo de 2022, 45,3% da população do País se declara parda, enquanto 10,2% se declara preta, totalizando 55,5% de negros. Outros 43,5% dos brasileiros são autodeclarados brancos.
Um dos impulsos para a expansão de candidaturas negras partiu do próprio TSE. Desde a eleição 2022, a Corte obriga os partidos a adotarem cotas raciais no financiamento a seus candidatos.
Com a mudança, recursos do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha devem ser distribuídos conforme a proporção de candidatos negros na chapa. A regra também vale para a divisão do tempo de propaganda eleitoral em rádio e TV.
A deputada estadual Olívia Santana (PCdoB-BA), secretária nacional de Combate ao Racismo do PCdoB, elogia a decisão do TSE, mas pondera que ainda faltam mecanismos de combate às fraudes. Já na eleição de 2022, diversos candidatos brancos se declararam pardos para ter acesso, de modo irregular, a mais verbas.
“Temos de ficar vigilantes e orientar pela fidelidade na autodeclaração. Que se respeite a regra e a política pública”, afirma Olívia. Mesmo assim, a dirigente avalia que há mais estímulos para que negros e negras se candidatem, especialmente em legendas como o PCdoB.
“Quem participou de nossa plenária nacional, em 15 de agosto, constatou que, sim, o PCdoB tem conquistado mais protagonismo nessa luta. Há muita gente que está se lançando a uma disputa eleitoral pela primeira vez – e isso é fruto do trabalho partidário”, diz Olívia. “É preciso celebrar, sem baixar a guarda.”
Uma nota assinada neste mês por Olívia e pela presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, destacou o empenho dos comunistas nessa causa. Conforme o texto, “o PCdoB foi o primeiro partido a realizar uma vitoriosa Conferência Nacional de Combate ao Racismo e, entre os resultados finais desse fórum, há o propósito de estimular e apoiar candidaturas negras e indígenas, como forma de buscar reduzir a sub-representação desses segmentos nos espaços de poder de representação do povo brasileiro”.

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