sexta-feira, 2 de agosto de 2024

5ª Conferência de CTI aponta o papel do Estado no desenvolvimento científico e tecnológico

A 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação destacou a importância do papel do Estado como facilitador e financiador de iniciativas essenciais para o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil. Investimentos públicos em pesquisa e inovação são fundamentais para superar desafios estruturais e promover avanços em diversas áreas, como saúde, agricultura e energia. Políticas públicas que incentivam a colaboração entre universidades, centros de pesquisa e a indústria são cruciais para transformar o conhecimento em inovação prática. 
Importância da competência governamental
Fernanda De Negri, diretora de estudos setoriais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), moderou a mesa de debate destacando a complexidade e a importância do papel do Estado no desenvolvimento científico e tecnológico. Ela ressaltou que esta é uma das questões mais debatidas entre os economistas, especialmente no que diz respeito ao tamanho e à organização do Estado. “O mercado por si só gera e perpetua desigualdades e pode causar impactos ambientais prejudiciais para a sociedade, as chamadas externalidades. Além disso, o mercado tende a gerar subinvestimento em pesquisa e desenvolvimento, não promovendo o desenvolvimento econômico necessário”, observou ela.Desafios contemporâneos e a Nova Indústria Brasil
A ministra do Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, fez um discurso, destacando a importância da ciência e tecnologia para o desenvolvimento do Brasil. A ministra ressaltou os desafios e as oportunidades no novo ciclo político do país sob a liderança do presidente Lula.
A ministra destacou a necessidade de um projeto nacional de desenvolvimento que responda aos desafios contemporâneos. Ela mencionou a importância de criar uma gestão eficiente da produção do conhecimento, com foco em ciência aberta e compartilhamento de patentes. “O Brasil deve caminhar cada vez mais na direção de ter um marco legal que contemple essas variáveis, impactantes na vida de quem produz ciência”, afirmou.
O papel do Estado e as missões na inovação
Mariana Mazzucato, professora da University College London e diretora fundadora do Institute for Innovation and Public Purpose, apresentou uma palestra sobre o papel do Estado na inovação e o conceito de missões para o desenvolvimento tecnológico. Mariana enfatizou a importância de uma abordagem coletiva e colaborativa entre o setor público, o setor privado e a sociedade civil para enfrentar os desafios globais. Mariana relatou sua recente visita ao Brasil, onde participou do G20 e de um encontro no INVES, organizado pela ministra Esther Dweck do Ministério da Gestão e da Inovação (MGI). Ela destacou a necessidade de reivindicar o papel do Estado e promover uma inteligência coletiva para enfrentar os desafios climáticos, dos sistemas de saúde, alimentação e fome. “Todos esses desafios exigem a colaboração do setor público, setor privado e sociedade civil, incluindo os sindicatos, para garantir transições justas e que ninguém seja deixado para trás”, afirmou.
Papel do Estado no desenvolvimento científico e tecnológico
Alexandre Colares, secretário de Governança e Gestão Estratégica da Advocacia Geral da União (AGU), proferiu uma palestra enfatizando a importância da ciência e da tecnologia no desenvolvimento sustentável do Brasil. Colares ressaltou a necessidade de contextualizar o momento atual vivido no Brasil e no mundo, marcado pela emergência de uma sociedade de risco global. Ele destacou os riscos financeiros, digitais, sanitários e ambientais que estruturam a vida social contemporânea. Segundo ele, esses riscos são diferentes das crises passadas porque são consequência de intervenções humanas, sendo impossíveis de prever, conter ou compensar.
Burocracia que inibe o avanço científico e tecnológico
Cristina Mori, secretária executiva do Ministério da Gestão e Inovação (MGI) e ministra interina da pasta, proferiu uma palestra destacando a relevância do tema para todos os eixos temáticos discutidos na conferência, enfatizando a necessidade de recuperação, expansão e consolidação do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI). Ela também mencionou a importância da reindustrialização e da inovação nas empresas, bem como a aplicação de ciência e tecnologia em programas estratégicos nacionais e no desenvolvimento social. A secretária reforçou o chamado do presidente Lula, feito na abertura da conferência, para que o Brasil dê um passo além na reconstrução do Estado, especialmente nas áreas de ciência e tecnologia, que sofreram severos ataques nos últimos anos. Cristina enfatizou a necessidade de um Estado resiliente e responsivo, capaz de superar a burocracia e as dificuldades que inibem o avanço científico e tecnológico.
Urgências e fragilidades do Brasil
O debate final destacou a importância de um Estado atuante e eficiente para impulsionar esse setor. A necessidade de abordar questões emergenciais, como desigualdades sociais e saneamento básico e a realidade de 35 milhões de brasileiros sem acesso à água potável, são problemas mencionados que exigem urgência. O coeficiente de Gini, que mede a desigualdade de renda, é alarmante no Brasil, refletindo a necessidade de ações imediatas para resolver essas desigualdades.

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