quinta-feira, 27 de maio de 2021

Para deputados, depoimento de Dimas Covas é avassalador para Bolsonaro

O depoimento do diretor-presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, nesta quinta-feira (27), à CPI da Covid, reforça ainda mais uma das linhas de investigação do colegiado sobre a posição do governo Bolsonaro contra a vacinação no país. Ele disse que o Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a começar a vacinação com doses da CoronaVac contra a Covid-19, mas não havia contrato com o Ministério da Saúde para o fornecimento do imunizante. “Tínhamos 5,5 milhões de doses da CoronaVac prontas e 4 milhões em processamento em dezembro. O Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a começar a vacinação contra a Covid-19 não fossem os percalços enfrentados”, disse o diretor-presidente do Butantan. O cronograma de oferta apresentado pelo diretor-presidente era de 60 milhões de doses com entrega prevista em dezembro e 100 milhões de doses até maio. Em outubro do ano passado, quando o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou um acordo para a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, Bolsonaro chamou o imunizante de “vacina chinesa de João Doria” e afirmou que não seria comprado. Desautorizando Pazuello, ele disse na ocasião: “Já mandei cancelar, o presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade”, disse. “60 milhões em julho de 2020, em outubro, 100 milhões de doses. Oferta em cima de oferta. Recusa em cima de Recusa”, criticou o líder do PCdoB, deputado federal Renildo Calheiros (PE). O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) considera o depoimento Dimas Covas destruidor para Bolsonaro. “Fica comprovado: O Ministério da Saúde brecou a compra da vacina por ordem de Bolsonaro. Era para termos 60 milhões de doses de vacina em dezembro. O atraso matou milhares de brasileiros”, disse ele. “Quantas vidas salvaríamos? Dimas Covas revela na CPI a oferta de 60 milhões de doses da vacina do Butantan ao Ministério da Saúde em julho de 2020. As negociações e tratativas técnicas foram intensas e avançadas, mas Bolsonaro não quis adquirir vacinas por questões políticas”, afirmou a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). A deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) criticou o fato de o governo não ter investido no instituto. “O governo federal não colocou nem um real no Butantan. Isso é crime contra a vida do povo brasileiro”, pontuou. “Já imaginaram quantas vidas poderiam ter sido salvas? A morte de milhares de brasileiros era um projeto? A serviço do quê?”, questionou a deputada federal Professora Marcivânia (AP). O deputado federal Daniel Almeida (BA) também lamentou a negligência do governo. “Como parlamentar, cidadão, e sobretudo como ser humano, sinto uma dor e revolta com cada depoimento na CPI que expõe a perversidade de Bolsonaro com o povo brasileiro.” Já a deputada federal Perpétua Almeida (AC) destacou que Bolsonaro “tem nas costas mais de 450 mil mortes”.
Por Iram Alfaia - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

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