quarta-feira, 26 de maio de 2021

Deputados questionam se Pazuello terá coragem de mentir de novo


A nova convocação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid repercutiu no Parlamento. Deputados do PCdoB usaram suas redes sociais para questionar se o general da ativa teria coragem de voltar a mentir ao colegiado. “A CPI acaba de aprovar nova convocação de Pazuello e Queiroga, além dos convites a 9 governadores. Vamos ver se Pazuello terá coragem de mentir novamente. “Sairá algemado”, prometeu o senador Omar Aziz”, lembrou o deputado federal Orlando Silva (SP), vice-líder da legenda. A vice-líder da Minoria, deputada federal Jandira Feghali (RJ), também comentou a nova convocação. “Sem dúvida é necessário. Resta saber se o mordomo arrogante do Bolsonaro continuará contando suas mentiras livremente ou se vai colaborar com a investigação”, destacou. A CPI da Covid aprovou nesta quarta-feira (26) uma nova convocação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e do atual comandante da pasta, Marcelo Queiroga. Segundo a direção da comissão, eles deixaram sem respostas, nos depoimentos anteriores, questões importantes sobre cadeia de comando no combate à pandemia do coronavírus, o uso de medicação sem comprovação científica e política de isolamento social. No caso do general Pazuello, os senadores avaliaram que por diversas vezes ele entrou em contradição e, no domingo (23), no Rio de Janeiro, ao lado de Bolsonaro, participou de ato político com motociclistas sem o uso da máscara e promovendo aglomeração, condutas que afirmou ser contra no seu depoimento. “Após declarar, por exemplo, que sempre foi favorável ao uso de máscaras e ao isolamento social, o general da ativa decidiu participar de manifestação convocada pelo presidente sem as devidas precauções diante da pandemia que assola a população brasileira, fomentando atitudes que colocam a vidas das pessoas em risco. Essas e outras mentiras precisam ser esclarecidas”, afirmou o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), disse que o ex-ministro depôs com um habeas corpus debaixo do braço para não ser preso. “O Pazuello foi lá e defendeu Bolsonaro como se estivesse defendendo o filho dele. Talvez um pai não mentisse tanto pelo filho como o Pazuello mentiu pelo Bolsonaro”, afirmou. Omar disse esperar que desta vez não ocorra ingerência do Supremo Tribunal Federal (STF) no novo depoimento. Marcelo Queiroga também terá que esclarecer algumas contradições, entre as quais a afirmação de que não havia mais protocolo sobre o uso de cloroquina no Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, a pasta continua orientando o medicamento no tratamento precoce para Covid-19. “O depoimento foi contraditório em diversos aspectos. Um deles diz respeito à afirmação de que, na gestão dele, não há promoção do uso da hidroxocloriquina para tratamento da covid. Todavia, o ministro, até o presente momento, não revogou a portaria do Ministério da Saúde que prescreve o uso da medicação”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE), um dos autores do pedido de reconvocação do ministro. A CPI aprovou ainda a convocação de nove governadores e do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel para depor sobre suspeitas de desvio de recursos destinados ao combate ao coronavírus em estados e capitais. Os convocados são: Wilson Lima (AM), Hélder Barbalho (PA), Ibaneis Rocha (DF), Mauro Carlesse (TO), Carlos Moisés (SC), Antônio Denarium (RR), Waldez Góes (AP), Marcos Rocha (RO) e Wellington Dias (PI). Outro requerimento foi apresentado, mas ainda não deliberado. Trata-se da convocação do próprio presidente, Jair Bolsonaro, ao colegiado. O requerimento foi apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues, que alegou que “a cada depoimento e a cada documento recebido, torna-se mais cristalino que o Presidente da República teve participação direta ou indireta nos graves fatos questionados por esta CPI”. Para o deputado federal Daniel Almeida (PCdoB-BA), o requerimento do senador Randolfe é coerente. “Coerente decisão de Randolfe em convocar o genocida para depor na CPI. A falta de respeito com o povo brasileiro, o descaso e a ineficiência na gestão, já chegaram no limite. É preciso que Bolsonaro seja duramente interrogado!”, afirmou. Não há menção na Constituição a um impedimento para convocação de presidente, mas que toda e qualquer pessoa que entenda que não deve comparecer pode recorrer à Justiça para ser dispensada. E caso seja aprovado no colegiado, Bolsonaro deve recorrer a este expediente. “É improvável que a iniciativa prospere, mas implode o discurso de que o governo não teme. Fica claro que Bolsonaro é o responsável”, afirmou o deputado federal Orlando Silva. 
Vacinação
Para o líder do PCdoB, deputado federal Renildo Calheiros (PE), o “Brasil não suporta mais a paralisia do governo Bolsonaro” e além dos esclarecimentos à nação, cobrou ampla vacinação da população. “É urgente a vacinação rápida de toda a população para vencermos a Covid-19. O país não pode virar um terreno fértil para o coronavírus. Uma nova variante, a P.4, já está circulando em pelos menos 21 cidades de SP. Enquanto Bolsonaro nega a gravidade da Covid-19, a taxa de contágio no Brasil cresceu. Passou de 1, o que indica a expansão do vírus. Conforme o Imperial College de Londres, a taxa hoje em nosso país é de 1,02. Isso significa que cada 100 pessoas infectadas contagiam outras 102”, explicou. Os últimos dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) indicam que o Brasil já registra mais de 450 mil mortes pela Covid-19.



Por Christiane Peres e Iram Alfaia

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