No dia Mundial do Meio Ambiente não temos nada a comemorar no município de Itabuna. Além de campeões na violência entre os jovens e nos casos de dengue, somos também destaque em relação ao passivo ambiental que degrada o meio ambiente e compromete a qualidade de vida da população.
É impossível falar em preservação ambiental em Itabuna, sem focar no ambiente urbano. Ao fazermos uma pequena comparação com a nossa vizinha Ilhéus será fácil confirmar a nossa tese: Enquanto Itabuna possui uma área de 443,198 km² e uma Densidade de 462,5 habitantes/km², Ilhéus possui 1.840,991 km² e uma densidade habitacional de 120 habitantes/ km².
A cidade de Itabuna concentra cerca de 98% (noventa e oito por cento) da população na zona urbana enquanto Ilhéus concentra cerca de 70% (setenta por cento). O que numa média de 200 mil habitantes em cada uma daria a Itabuna uma população rural de 4 mil habitantes contra 60 mil em Ilhéus.
Apesar da pequena área rural e da minúscula população, os governos que passaram por Itabuna nos últimos anos não conseguiram enxergar que preservar o meio ambiente e construir uma cidade sustentável passa necessariamente pelo cuidado com ambiente urbano. Justamente o mais degradado, descuidado que transforma Itabuna numa cidade doente.
O nosso sistema de abastecimento de água é bastante precário e irregular, o que obriga os moradores a improvisarem reservatórios de água, contribuindo para a proliferação do aedes aegypti, transmissor da dengue que assola a cidade.
Pagamos uma exorbitante taxa de esgoto, mas não existe nenhum tipo de tratamento, o que compromete a qualidade da água do Rio Cachoeira, ontem fonte de riqueza, hoje fonte de doenças.
O velho matadouro municipal e a forma como as carnes são comercializadas nas feiras livres, comprometem a saúde dos consumidores. É vergonhoso uma cidade do porte de Itabuna não possuir um frigorífico moderno.
A poluição sonora, visual e do ar, nem se fala, pois, não existe nenhum controle, indicadores ou sistema de fiscalização desse tipo de poluição. Aqueles que pensam em trocar os veículos por bicicletas para poupar o ar da emissão de gases, esbarram na ausência de ciclovias, o que torna andar de bicicleta um risco à vida e à integridade física.
A cidade não dispõe de aterro sanitário, nem galpões de seleção de materiais recicláveis, muito menos de um sistema de coleta seletiva que viabilize uma disposição correta dos resíduos sólidos.
Precisamos imediatamente da implementação dos Planos Municipais de Saneamento Ambiental, de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, bem como da construção de um moderno frigorífico, cumprimento à portaria 304/96, que dispõe sobre o abate e comercialização de carnes.
É urgente, como conseqüência do plano municipal de gerenciamento de resíduos sólidos, a implantação de um sistema de coleta seletiva, apoio à cooperativa de catadores, construção de galpões de seleção de materiais, usina de compostagem, fiscalização da incineração do lixo hospitalar e construção de um aterro para disposição final da sobra.
Por último, é fundamental entender que não se faz nada disso sem recursos financeiros e sem uma equipe de servidores efetivos altamente qualificados e com bons salários.
Quanto aos recursos, basta dotar o município de uma legislação moderna e de uma boa equipe de projetos. Em relação à equipe é só acabar com os apadrinhamentos políticos sem critério e realizar concurso público para selecionar os melhores.
Espero que no próximo 05 de junho tenhamos razões para comemorar avanços na busca de uma cidade ambientalmente sustentável.
Wenceslau Augusto dos Santos Junior.
É Advogado, Professor e Vereador pelo PCdoB de Itabuna