O vereador Wenceslau Júnior está no terceiro mandato. Sonha com a cadeira principal do Centro Administrativo Firmino Alves, sede da Prefeitura de Itabuna. O sonho é alimentado pela possibilidade de uma composição de partidos que une desde o seu PCdoB ao PRB de Claudevane Leite e PDT de Acácia Pinho.
Na entrevista concedida ao PIMENTA, Wenceslau acha improvável composição com o PT em Itabuna e faz críticas ao Governo Azevedo (“não consigo enxergar marca positiva nesse governo”).
O prefeiturável também fala do processo de afastamento do mandato por ordem judicial e diz que a decisão foi injusta. Confira os principais trechos da entrevista que abre série com pré-candidatos a prefeito de Itabuna.
PIMENTA – Quem será o candidato da Frente Partidária?
WENCESLAU JÚNIOR - Há unidade e compromisso de avaliarmos a evolução das pesquisas para, em meados deste mês, afunilarmos para um nome.
O sr. acredita que a frente se mantém mesmo após definir o candidato?
Eu acredito nas palavras de Vane [do Renascer] e de Acácia Pinho. Esta frente não é voltada para interesses pessoais, tem princípios e compromisso de melhorar a cidade, fazer gestão inovadora. A frente também está dialogando com PPS e PP e abrindo perspectiva para ter tempo de televisão razoável e consistência política ainda maior.
Do outro lado, existem duas candidaturas com maior estrutura. A frente tem como ir para a disputa com chances até o final?
O elenco de lideranças que compõem essa frente já é algo importante. Além disso, acho que estrutura não é algo tão definidor em eleição em Itabuna. Em 1992, Geraldo Simões caiu na graça do povo e foi eleito imprensado entre duas grandes candidaturas [Ubaldo Dantas e José Oduque].
Hoje não temos cenário de protestos, impeachment de presidente…
(Interrompe)… Em 2008, o prefeito [Azevedo] estava em último, não tinha ajuda da máquina municipal e só passou a contar quando cresceu na pesquisa. De início, foi uma candidatura franciscana. Em Itabuna, um bom programa de TV e militância aguerrida nas ruas são fundamentais para a eleição.
Pelo que se desenha, qual será o tipo de campanha que teremos em 2012?
O compromisso na Frente Partidária é discutir propostas para a cidade. A eleição em Itabuna, o debate tende a ser municipalizado, sem grande influência das políticas nacional e estadual.
O PCdoB se manterá na frente mesmo se ocorrerem pressões de cima?
Olha, o governador Wagner vem tendo postura elogiável em todo o processo. Tentar mediar, mas nunca impor. O PCdoB em Itabuna tem divergência com o PT local, o que não ocorre nos níveis estadual e nacional.


ALIANÇA COM O PT: Nada em política é impossível, mas acho um pouco distante essa reaproximação, até porque não há espírito despojado do outro lado.

Há possibilidade de coligação com o PT em Itabuna?
Nada em política é impossível, mas acho um pouco distante essa reaproximação, até porque não há espírito despojado do outro lado. Wenceslau pode abrir mão de ser candidato para apoiar Vane ou Acácia, Vane pode abrir mão, Acácia, também… Do outro lado [do PT], não. Isso dificulta qualquer conversa.
O senhor sofre críticas por ter atuação omissa na fiscalização do governo municipal…
Sempre vou ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). É um trabalho árduo e silencioso. Não foi à toa que as contas do prefeito [Capitão Azevedo], de 2009 e 2010, foram reprovadas. Agora eu tenho que reconhecer que foi mandato atípico, por causa da candidatura a deputado estadual. Tanto na pré-campanha, em 2009, quanto na campanha, em 2010, realmente me dediquei à atuação em nível estadual. Nas principais batalhas na Câmara, as questões da saúde, defesa dos salários dos servidores, professores, nós estávamos lá.
Como o senhor avalia a gestão municipal?
É uma gestão sem planejamento, que não consegue planejar e, por conta disso, compromete a execução. Tem muitas pessoas preocupadas com seus interesses pessoais. Azevedo não é bom coordenador e tem dificuldades de exonerar aqueles que não dão resultado. Pergunto ao leitor, qual é a marca positiva deste governo?
E qual seria esta marca?
Não consigo enxergar. Negativas, sim, existem. Aumento da violência na cidade, por que as pessoas são impedidas de ter acesso à educação, lazer. Nós nunca passamos situação tão vexatória na saúde. A marca mesmo é a de malversação de dinheiro público.
Quais seriam estes exemplos de malversação?
Nas obras, todas federais, mas executadas pelo município, a gente não sabe dizer se é construtora ou a prefeitura que está fazendo. Há uma mistura, confusão. Obras são licitadas e quem trabalha é a mão de obra da prefeitura. Sem falar das causas de rejeições de contas: exageros de gastos em alguns setores, aplicação abaixo do mínimo em saúde e educação…


FOLHA INCHADA: A folha consome 70% da receita. Existem muitas pessoas que estão na folha sem trabalhar, por apadrinhamento político, consumindo recursos públicos. Fantasmas.

Se as obras são federais, para onde está indo o dinheiro das receitas próprias?
Infelizmente, a prefeitura está completamente inchada. A folha consome 70% da receita. Existem muitas pessoas que estão na folha sem trabalhar, por apadrinhamento político, consumindo recursos públicos. Fantasmas.
O PCdoB e a sua campanha já avaliaram os efeitos do escândalo dos consignados na sua pré-candidatura?
O partido já avaliou. Depois do caso, nós fizemos pesquisa e constamos que crescemos ou mantivemos os percentuais. A população de Itabuna me conhece desde os tempos de movimento estudantil. Nunca respondi a processo, já participei de governo municipal, fui assessor parlamentar.
E o processo não atrapalha?
Em relação ao processo, prestamos queixa na delegacia. Num sábado, o presidente da Câmara, Clóvis Loiola, que estava sendo investigado por uma comissão de inquérito, determinou ao seu assessor, Eduardo Freire, que trocasse as fechaduras. Havia a suspeita de que o assessor subtraiu documentos. Prestamos queixa na delegacia. Fui acionado de última hora pelo primeiro-secretário da Câmara, Roberto de Souza (PR), e o acompanhei à delegacia. Não fui declarante, acompanhei o primeiro-secretário.
Mas, na ação da promotoria, o senhor é denunciado por falsa notícia-crime.
(Interrompe) Falsa notícia crime que não foi apurada, ainda está sendo apurada em sede de delegacia da Polícia Civil. Na verdade, o ilustre promotor [Inocêncio de Carvalho] chegou a essa conclusão, de falsa notícia-crime, sem o devido processo de apuração. Há um equívoco aí [da promotoria].
A decisão judicial em primeira instância teria sido equivocada?
Nos autos da ação, não existe nada contra mim. A queixa policial teria de ser apurada para, a partir daí, se denunciar algo contra mim. Segundo, é que decisão judicial, goste ou não, se cumpre. Achando injusta, recorre-se. Do ponto de vista legal, a decisão foi injusta contra minha pessoa. Recorri e tive decisão positiva.


ESCÂNDALO NA CÂMARA: Quero saber por que não foram solicitadas as imagens do sábado e do domingo, quando as fechaduras da Câmara foram trocadas. Teria que investigar as pessoas envolvidas [Clóvis Loiola e Eduardo Freire].

Injusta?
Aquilo que chamam de arrombamento foi uma ação da polícia civil. Quem quer arrombar, subtrair documentos não faz isso em plena luz do dia. Era segunda-feira, dia de expediente e câmeras ligadas. Quero saber por que não foram solicitadas as imagens do sábado e do domingo quando as fechaduras da Câmara foram trocadas. Teria que investigar se as pessoas envolvidas [Clóvis Loiola e Eduardo Freire], se elas não subtraíram documentos.
O senhor participa da terceira legislatura. O itabunense tem razão quando diz que esta é a pior Câmara de todos os tempos?
Com certeza, essa não foi das melhores. Tivemos experiência muito ruim, especialmente na gestão da mesa diretora passada. A Câmara perdeu qualidade, mas existem pessoas de bem, que trabalham, fiscalizam. A parte negativa sobressai mais, porém, é necessário separar o joio do trigo. Nosso mandato, por exemplo, teve atuação na luta em defesa da Ufesba, por concurso público e contratação dos concursados, temos presença política, legislativa e de apoio aos movimentos sociais.

0 Comentários