Rio degradado sofre com o despejo de lixos e dejetos
Ana Cristina Oliveira/Joá Souza/ Agência A TARDE
O curso d’água carrega metais pesados e poluição
Itabuna - O Rio Cachoeira, mais que um referencial geográfico, é um personagem marcante na trajetória histórico cultural dos 101 anos de existência de Itabuna (a 426 km da capital). Sua importância está registrada na poesia e prosa de escritores regionais e na memória da população. Atualmente, como um grande esgoto, ele atravessa e divide Itabuna ao meio e deixa no ar intenso mau cheiro.
Testemunhas relatam que, até os anos 1960, o Cachoeira tinha margens arborizadas que protegiam seu leito pedregoso, por onde corria água suficiente para a passagem de balsas e canoas. Por ele, produtores levavam cacau para ser exportado pelo porto da cidade de Ilhéus.
As águas límpidas permitiram que, até a década de 1970, mulheres passassem horas lavando roupas no local, como forma de sustento. “Meu marido me deixou com seis filhos pequenos e eu bati muita roupa nas pedras do Cachoeira para poder dar a comida para eles”, diz Estelita Prates de Jesus, com 100 anos completados este ano.
O rio limpo era abrigo de traíras, piabanhas, acaris, pitus, piaus e até moreias, que alimentaram famílias de pescadores. “Criei 15 filhos com pirão de peixe”, diz o pescador Antônio Alves de Farias, 52 anos. Ele colocava as armadilhas à tarde e as recolhia no outro dia, bem cedinho.
Quando não estava trabalhando na roça, jogava a tarrafa no rio. “Cheguei a pegar bagre de sete quilos”, diz Antônio. “Hoje, só pego três tipos de peixe: o bagre africano, que é muito agressivo, o bicudo e o crumatá. Os outros desapareceram”, afirma.
O pescador diz que o despejo de esgotos sem tratamento e as baronesas (plantas que proliferam em águas poluídas), impedem a pescaria e muitas famílias nos bairros Nova Itabuna, Ferradas e Bananeira passam fome.
Sustento - Os ribeirinhos sobrevivem da venda de peixes mas, nem sempre, conseguem garantir algum pescado. Augusto Braga dos Santos, 72 anos, que trabalhou como arreeiro, lembra que há 30 anos todo mundo usava a água do Rio Cachoeira para tudo.
Segundo Estelita, o Cachoeira era a vida dos moradores de suas margens, mas quando havia enchente, todos corriam para longe dele. A anciã relata que aconteceram muitas nesses 100 anos, mas três delas deixaram marcas: a de 1914, segundo ela, até alargou o rio.
Na de 1951, ela achou muitos objetos antigos (entre eles um grande pilão), que devem ter sido trazidos na enxurrada da enchente anterior. E a última grande, em 1967, durou dois dias e invadiu o maior número de ruas e avenidas, atingiu bairros pobres e ricos, causando mortes e enormes prejuízos.
Leia reportagem completa na edição impressa do Jornal A Tarde desta segunda-feira, 23, ou, se você é assinante, acesse aqui a versão digital.

O curso d’água carrega metais pesados e poluição
Itabuna - O Rio Cachoeira, mais que um referencial geográfico, é um personagem marcante na trajetória histórico cultural dos 101 anos de existência de Itabuna (a 426 km da capital). Sua importância está registrada na poesia e prosa de escritores regionais e na memória da população. Atualmente, como um grande esgoto, ele atravessa e divide Itabuna ao meio e deixa no ar intenso mau cheiro.
Testemunhas relatam que, até os anos 1960, o Cachoeira tinha margens arborizadas que protegiam seu leito pedregoso, por onde corria água suficiente para a passagem de balsas e canoas. Por ele, produtores levavam cacau para ser exportado pelo porto da cidade de Ilhéus.
As águas límpidas permitiram que, até a década de 1970, mulheres passassem horas lavando roupas no local, como forma de sustento. “Meu marido me deixou com seis filhos pequenos e eu bati muita roupa nas pedras do Cachoeira para poder dar a comida para eles”, diz Estelita Prates de Jesus, com 100 anos completados este ano.
O rio limpo era abrigo de traíras, piabanhas, acaris, pitus, piaus e até moreias, que alimentaram famílias de pescadores. “Criei 15 filhos com pirão de peixe”, diz o pescador Antônio Alves de Farias, 52 anos. Ele colocava as armadilhas à tarde e as recolhia no outro dia, bem cedinho.
Quando não estava trabalhando na roça, jogava a tarrafa no rio. “Cheguei a pegar bagre de sete quilos”, diz Antônio. “Hoje, só pego três tipos de peixe: o bagre africano, que é muito agressivo, o bicudo e o crumatá. Os outros desapareceram”, afirma.
O pescador diz que o despejo de esgotos sem tratamento e as baronesas (plantas que proliferam em águas poluídas), impedem a pescaria e muitas famílias nos bairros Nova Itabuna, Ferradas e Bananeira passam fome.
Sustento - Os ribeirinhos sobrevivem da venda de peixes mas, nem sempre, conseguem garantir algum pescado. Augusto Braga dos Santos, 72 anos, que trabalhou como arreeiro, lembra que há 30 anos todo mundo usava a água do Rio Cachoeira para tudo.
Segundo Estelita, o Cachoeira era a vida dos moradores de suas margens, mas quando havia enchente, todos corriam para longe dele. A anciã relata que aconteceram muitas nesses 100 anos, mas três delas deixaram marcas: a de 1914, segundo ela, até alargou o rio.
Na de 1951, ela achou muitos objetos antigos (entre eles um grande pilão), que devem ter sido trazidos na enxurrada da enchente anterior. E a última grande, em 1967, durou dois dias e invadiu o maior número de ruas e avenidas, atingiu bairros pobres e ricos, causando mortes e enormes prejuízos.
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