Uma abordagem inovadora sobre duas traduções brasileiras de Orlando, renomada obra de Virginia Woolf – é o que apresenta o livro As Leis de Orlando, lançado pela Editus (Editora da Universidade Estadual de Santa Cruz), escrito pelo pesquisador José Pedro de Carvalho Neto. O autor examina as traduções brasileiras realizadas pela poeta Cecília Meireles (1948) e pelo professor Tomaz Tadeu da Silva (2015), e oferece uma contribuição significativa aos estudos de literatura, (auto)biografia, tradução e gênero. Em As Leis de Orlando, José Pedro articula a vida e a obra da escritora inglesa Virginia Woolf e do filósofo franco-argelino Jacques Derrida. A obra propõe uma leitura complexa das noções de tradução e (auto)biografia, assim como das indecisões entre os gêneros literário e sexual, e estabelece uma interface entre os estudos de tradução de textos literários e a desconstrução de Jacques Derrida. Na análise do autor, o livro de Virginia Woolf pode ser lido como romance, biografia, autobiografia e/ou texto teórico.Quem assistiu ao recente filme de Paul Preciado, Orlando: minha biografia política, uma paródia cinematográfica do livro de Virginia Woolf, vai perceber que José Pedro faz algo semelhante em seu trabalho, mas no gênero literário. Nele, o texto acadêmico é subvertido e pode também ser lido como literário.A obra está dividida em três partes. Na primeira, “A lei da tradução”, o autor discute a vida e a obra de Jacques Derrida, principalmente no que concerne à tradução (um processo de transformação e sobrevida dos textos). Na segunda parte, “A lei do gênero”, além de biografar Virginia Woolf, o autor examina as reflexões da autora sobre (auto)biografia. Na terceira e última parte, o escritor confronta o original de Woolf com os textos de Meireles e Silva e apresenta as suas próprias traduções para trechos selecionados de Orlando. A obra conta com prefácio escrito por Élida Ferreira – tradutora de Jacques Derrida, professora e pesquisadora do Departamento de Letras e Artes, da Universidade Estadual de Santa Cruz (DLA/Uesc) – e posfácio de Rafael Haddock-Lobo, especialista em Derrida, filósofo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo Élida Ferreira, “As Leis de Orlando mostra que as performances de gêneros são representadas diferentemente pelos tradutores, frente às rupturas que são lidas no texto de Virginia. Cada tradutor/a, diz o autor, se endivida com essas rupturas e faz de tudo que a língua permite (ou não permite) para lidar com a irreverência de Virginia Woolf”. Este livro publicado pela Editus é uma leitura essencial não só para acadêmicos e tradutores, mas sobretudo para quem se interessa pelas complexas interações entre linguagem, gênero e literatura.
Sobre o autor — José Pedro de Carvalho Neto é doutorando e mestre em Letras (Uesc), graduado em Publicidade (Polifucs), com certificação em Escrita e Edição (Melbourne Polytechnic). Também é pesquisador dos grupos Lides/Uesc e Legentes/PUC Minas. Atualmente, está desenvolvendo uma pesquisa sobre a obra de Jacques Derrida, no Laboratório de Estudos de Gênero e Sexualidade, na Paris 8. Além de professor e pesquisador, atua como tradutor e revisor de textos acadêmicos e literários.
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