Em visita oficial ao Chile, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na noite desta segunda-feira (5/8), do encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Chile. O evento reúne cerca de 500 empresários de ambos os países com objetivo de proporcionar oportunidades de negócios e estreitar as relações comerciais entre as duas economias. "Se o Brasil e o Chile atingem um comércio de R$ 13,5 bilhões, isso representa o fortalecimento do nosso continente", declarou Lula durante o evento. Em seu discurso, Lula destacou a importância da boa relação com os países da América Latina para a cooperação em acordos econômico-sociais. “A integração com os vizinhos voltou a ser prioridade para o Brasil. Essa certeza gera confiança para negociar e investir. Essa visita representa a renovação de uma parceria fundamental para o futuro da América do Sul. Assinamos 19 acordos, muitos com impacto direto em nossas relações econômico-comerciais, como agricultura, combate às mudanças climáticas, turismo, ciência e tecnologia e combate às desigualdades. Quando há bom diálogo político entre os países, o comércio e os investimentos florescem, gerando renda, emprego e inovação”, reforçou.
“A expressiva participação de empresários e empresárias neste avento reflete a força do empreendedorismo latino-americano e da política econômico-comercial de nossos países”, acrescentou Lula.
O encontro empresarial é organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil). A expectativa de investimentos a serem anunciados hoje pode ser a maior até o momento em eventos bilaterais, podendo movimentar R$ 82 milhões, segundo o presidente da Agência, Jorge Viana. “O Brasil também precisa abrir suas portas para a imensa cadeia produtiva que o Chile tem”, disse.
A reunião conta com a participação de parceiros fundamentais na manutenção do fluxo de comércio entre Brasil e Chile. Entre eles, representantes das seguintes instituições: Câmara Chileno-Brasileira de Comércio; Conselho Empresarial Brasil-Chile; Confederação Nacional da Indústria; Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Sociedade de Fomento Fabril e ProChile. A expectativa é de que o Fórum seja um importante espaço para estreitar as parcerias. “Estamos inaugurando uma nova relação de comércio, de fluxo, de amizade e de convivência com os irmãos chilenos e chilenas”, destacou Jorge Viana.
Ainda em seu discurso, Lula fez um balanço das ações e investimentos que incluem a cooperação chilena, além dos acordos firmados, e reforçou os avanços que eles representam. "Com responsabilidade fiscal e compromisso com a redução das desigualdades, o Brasil caminha para ser a oitava economia mundial em 2024", disse.
"Os empresários chilenos terão no Novo PAC e no Programa Nova Indústria Brasil excelentes oportunidades para participar de grandes projetos de infraestrutura e sustentabilidade. O Novo PAC contempla duas rotas de integração com o Chile: a Rota de Capricórnio, que interligará o estado do Mato Grosso do Sul ao Paraguai, Argentina e Chile, e o Corredor Porto Alegre-Coquimbo, que interligará o estado do Rio Grande do Sul ao Uruguai, Argentina e Chile. O Chile pode ser a porta de saída de produtos brasileiros para o Pacífico, e o Brasil pode cumprir o mesmo papel para o acesso das exportações chilenas ao continente africano", afirmou o presidente Lula.
Entre os 17 acordos e tratativas sobre diversos temas econômicos e sociais abordados na visita brasileira ao Chile está a expansão da agenda bilateral no segmento agrícola. O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, assinou o Memorando de Entendimento para cooperação técnica agropecuária entre os ministérios da agricultura dos dois países. O acordo tem o objeto principal de fomentar o desenvolvimento dos sistemas agropecuários por meio da implementação conjunta de programas, projetos e eventos nas diferentes áreas de interesse comum. Os chilenos já apresentaram, por exemplo, interesse no Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) e no plano ABC+ (Agricultura de Baixo Carbono).
O ministro Fávaro destacou que a retomada das boas relações do Brasil com os principais parceiros comerciais do exterior dá novas perspectivas para o agro nacional. “O presidente Lula colocou o país de volta no cenário internacional. Cada dia mais estamos ganhando espaços e oportunidades. Mais atividades do Brasil no comercio exterior significa mais emprego e renda aqui dentro”, observou.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, reforçou a importância da relação entre os países e dos acordos assinados hoje. "Eu e o presidente Lula estávamos conversando sobre o trabalho político que temos que ter em conjunto para poder fortalecer nossas fronteiras. Temos consciência que podemos trabalhar em prol dos nossos países", disse.
Também foram assinados outros dois acordos. Um sobre certificação eletrônica de vinhos e bebidas alcoólicas. A ideia é melhorar o fluxo dos vinhos chilenos ao Brasil, já que a transmissão eletrônica de dados elimina a necessidade de emissão dos certificados de análise e de origem físicos. O outro é trata do reconhecimento mútuo da Certificação Orgânica, para facilitar o comércio entre os dois países e estimular a inclusão de pequenos e médios produtores no mercado exportador.
Luta contra a fome
Principal tema abordado pelo Brasil durante a a reunião do G20, a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza terá o apoio do Chile, conforme firmado durante os evento do mês passado, no Rio de Janeiro, e reiterado pelo presidente Gabriel Boric no encontro de hoje. “Nos juntamos à Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, que está liderado pelo Brasil. Quem melhor que o Brasil e o presidente Lula para dar conta da experiência que eles fizeram dentro de seu país contra a fome e a pobreza?”, declarou o presidente chileno.
O combate à fome será a pauta de palestra do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias na manhã desta terça-feira (6/8). Dias apresentará o relatório "Visão do Brasil na luta contra a fome: estado da segurança alimentar e nutricional no mundo (Sofi 2024, em inglês)". O evento ocorre partir das 10h (de Brasília), no escritório regional da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) para a América Latina e o Caribe, na capital chilena.
O relatório atualiza anualmente o Mapa da Fome. No Brasil, em 2023, a insegurança alimentar severa caiu 85%. Em números absolutos, 14,7 milhões deixaram de passar fome no país. A insegurança alimentar severa, que afligia 17,2 milhões de brasileiros em 2022, caiu para 2,5 milhões. Percentualmente, a queda foi de 8% para 1,2% da população
Por: Agência Gov, com informações da Apex Brasil, Planalto e MDS
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